Malária ou paludismo, é uma doença infecciosa aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles. O parasita que transmite a malária tornou-se cada vez mais resistente aos tratamentos médicos.
Até recentemente, a droga antimalárica mais eficaz foi era artemisinina. Entretanto, resistência à droga se desenvolveu na Ásia e os médicos temem que a resistência possa, em breve, chegar na África.
A crescente preocupação levou a comunidade médica ao frenesi, desesperada para encontrar tratamentos alternativos. Agora, os cientistas acreditam que uma “droga inteligente”, concebida com uso de tecnologia de ponta, possa ser a chave para a luta contra a resistência da malária, tendo como alvo o sistema de eliminação do parasita, chamado de proteassoma.
A professora Leann Tilley, da Universidade de Melbourne, disse: “A proteassoma do parasita é como uma máquina trituradora que mastiga proteínas danificadas ou já utilizadas. Os parasitas da malária geram uma grande quantidade de proteínas danificadas conforme eles mudam de fase da vida e são muito dependentes de sua proteassoma, o que os torna um alvo excelente para a droga.”
O parasita da malária mata cerca de 450 mil crianças a cada ano. A resistência à artemisinina, droga amplamente utilizada, se espalhou para seis países em cinco anos, de acordo com um estudo publicado na revista Nature.
“A artemisinina causa danos às proteínas do parasita da malária que mata a célula humana, mas o parasita desenvolveu uma maneira de lidar com esse dano. Então, novas drogas que trabalhem contra parasitas resistentes são desesperadamente necessárias.”, disse a Professora Tilley.
O estudo foi conduzido por um grupo de cientistas da Universidade de Stanford, em colaboração com o Conselho de Investigação Médico de Cambridge, a Universidade da Califórnia e da Universidade de Melbourne.
A equipe de Stanford purificou a proteassoma do parasita da malária. Em seguida, examinou a sua atividade contra centenas de sequências de peptídeos utilizando um método desenvolvido pela Universidade da Califórnia.
Com o novo método, eles foram capazes de projetar inibidores que tiveram como alvo a proteassoma, poupando a enzima hospedeira humana. Os cientistas determinaram que a droga tinha um elevado grau de seletividade e confirmaram que poderia ser usada para limpar os parasitas em ratinhos infectados. Em seguida, a equipe do Conselho de Pesquisa Médica da Grã-Bretanha utilizou uma nova técnica revolucionária chamada de microscopia cryo-electron de única partícula. Essa técnica gera uma estrutura tridimensional, de alta resolução de uma proteína, baseada em milhares de imagens compostas.
Esta foi a primeira vez que a técnica foi usada para projetar uma droga, os autores do estudo observaram. Na Austrália, Dr.ª Tilley testou a nova droga nos glóbulos vermelhos infectados com parasitas. E a droga se mostrou tão eficaz em matar o parasita resistente quanto os parasitas sensíveis.
Ela disse: “Os novos inibidores de proteassoma, na verdade, complementam as drogas de artemisinina, que causam danos na proteína e inibem a proteassoma de reparar os danos na proteína. Uma combinação de ambos fornece um golpe duplo e pode resgatar as artemisininas como antimaláricas, restaurando a sua atividade contra parasitas resistentes.”
Atualmente, os cientistas atuam em colaboração com os peritos japoneses anticâncer da gigante farmacêutica Takeda Pharmaceutical Co. Ltd. e com a Fundação Suíça de Medicamentos para a Malária. Todos trabalham para identificar casos adicionais de inibidores específicos de proteassoma de parasitas que podem ser utilizados em ensaios clínicos.
Tilley indica: “O próximo passo é a triagem das bibliotecas da Takeda para encontrar uma droga semelhante, que não afete o proteassoma humano. A droga atual é um bom começo, mas ainda não é adequada para os humanos. É necessário ter a capacidade de ser administrada via oral e durar um longo período de tempo na corrente sanguínea.”
[ Daily Mail / Minha Vida ] [ Foto: Reprodução / Daily Mail ]